domingo, 23 de janeiro de 2011

"Coitado! que em um tempo choro e rio"

"Coitado! que em um tempo choro e rio
Espero e temo, quero e aborreço;
Juntamente me alegro e entristeço;
Du~a cousa confio e desconfio.

Voo sem asas; estou cego e guio;
E no que valho mais menos mereço.
Calo e dou vozes, falo e emudeço,
Nada me contradiz, e eu aporfio.

Queria, se ser pudesse, o impossível;
Queria poder mudar-me e estar quedo;
Usar de liberdade e estar cativo;

Queria que visto fosse e invisível;
Queira desenredar-me e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo!"

Luís Vaz de Camões

17 de Dezembro de 2010

A calma e a paz invadiram o meu corpo, apuredou-se da minha alma. O peso do meu ser e do meu corpo, o som do silêncio, incomoda-me, esmaga-me, não me deixa ser livre.
O chamamento da natureza, uma força invisivel que me puxa, suga-me para dentro dessa água. Tenho de ser como uma folha no fundo do rio, ir subindo aos poucos, para sentir o sol quente.
Agora, o silêncio é uma benção, é uma calma, é o que eu sou agora.
O vento continua bater-me na cara ou então a dar-me festas, não percebo, mas essa sensação é boa, mas fria.
A necessidade de estar sozinha, não por livre e espontanêa vontade, simplesmente tudo o que me rodeia necessita de se afastar. Mas essa necessidade, não é minha, eu só tenho a necessidade da aproximação, mas essa aproximação, cada vez mais se torna o afastamento.

-Music


Cátia Gonçalves